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Impostos

07/06/2025 09:00h

Especialista alerta para risco de aumento da carga tributária e judicialização, com proposta que autoriza prefeituras a estimarem o valor venal dos bens

Está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o Projeto de Lei Complementar da Câmara (PLP 108/2024), que permite a cobrança do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) com base em estimativa da prefeitura sobre o valor do imóvel. A medida seria aplicada em vez de considerar o valor da compra informado pelo contribuinte. Em audiência pública do colegiado, diversos especialistas criticaram o projeto.

A proposta dá continuidade à reforma tributária e é relatada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). Pelo projeto, a prefeitura deverá considerar critérios como a análise de preços praticados no mercado imobiliário e informações prestadas pelos cartórios para chegar ao valor venal — ou seja, o valor pelo qual o imóvel seria negociado à vista, em condições normais de mercado.

Na avaliação dos especialistas presentes ao debate no Senado, o dispositivo pode elevar a carga tributária e aumentar a judicialização.

Consequências: alta do ITBI e da judicialização 

O especialista em direito tributário e presidente do Comitê de Transação Tributária da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT), Eduardo Natal, ouvido pelo Brasil 61, explica que a medida contraria decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Tema 1.113. O tribunal reconheceu que a base de cálculo do ITBI deve ser o valor declarado na transação, salvo em casos de fraude, subfaturamento ou simulação.

Na avaliação dele, permitir que os municípios adotem valores estimados para os imóveis rompe com a orientação do STJ. Além disso, o especialista afirma que a proposta “representa um retrocesso jurídico relevante” e cria um ambiente propício à “elevação artificial da base de cálculo”.

Do ponto de vista econômico, Natal afirma que, caso os municípios em a adotar valores superiores aos praticados no mercado, é possível que o ITBI suba substancialmente.

“O que nós temos é que, além do possível aumento de base de cálculo, que é um aumento direto de carga tributária, nós vamos ter também um aumento indireto, porque o contribuinte que não concordar com a base de cálculo, o valor venal que vai ser unilateralmente fixado pela prefeitura, e quiser contestar esse valor, ele vai ter que contratar um perito, submeter um laudo à análise dentro de um processo istrativo”, pontua Eduardo Natal.

“Se esse processo istrativo não trouxer um resultado favorável ao contribuinte, ele pode acabar judicializando. Enfim, isso realmente vai ter um custo alto em relação à carga tributária”, completa.

Eduardo Natal destaca que é bastante provável o aumento no número de pessoas recorrendo ao Judiciário para contestar os valores estipulados pelos municípios. Segundo o especialista, a experiência com tributos como ISS, IPTU e ICMS-ST já demonstrou que adotar valores arbitrados apenas por uma das partes — neste caso, o Estado — gera um elevado número de contestações.

Natal pontua que a discussão do tema já ou pelo STF e STJ e, agora, segue no Congresso. “A nova legislação proposta nos termos em que está não resolverá o problema. Isso, com certeza, só vai aumentar o contencioso em relação a esse tributo”, diz.

Reflexos para compradores de imóveis em áreas urbanas

De acordo com o especialista em direito tributário, a medida pode gerar efeitos financeiros e jurídicos negativos para compradores em áreas urbanas, principalmente dos grandes centros.

Entre as dificuldades enfrentadas pelos compradores está o aumento do valor do ITBI, que poderá ser calculado com base em estimativas inflacionadas. “Porque a base de cálculo provavelmente nos grandes municípios deverá, como de praxe já é, ser bastante super avaliada, o que vai causar, então, uma grande discussão, vai gerar um contencioso por parte dos contribuintes que não eventualmente concordarem com essa majoração”, frisa Natal.

Além disso, os interessados em adquirir um imóvel poderão enfrentar dificuldades para lavrar a escritura se o valor arbitrado pela prefeitura for contestado. “Se ficar pendente o recolhimento do ITBI em função de alguma discussão sobre a base de cálculo e o momento da cobrança do tributo, não se lavra a escritura.”

Outro efeito será a necessidade de gastos adicionais com laudos e processos istrativos ou judiciais – caso sejam necessários.

Eduardo Natal avalia, ainda, que a proposta não deveria integrar dispositivos da reforma tributária. "É realmente inadequado esse projeto nessa parte, realmente não há uma adequação, não deveria ser objeto dessa reforma, que é uma reforma do consumo, em que se inseriu inadvertidamente um tributo sobre o patrimônio."

O texto segue em análise na CCJ.

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06/06/2025 19:10h

Especialistas alertam que o aumento do imposto compromete o o ao crédito, impacta a competitividade e gera insegurança jurídica; medida deve pesar mais sobre pequenas e médias empresas

Ainda no centro de uma polêmica entre governo, Congresso e setor produtivo, os decretos que aumentaram o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seguem em vigor — ao menos por enquanto. Os Decretos nº 12.466 e nº 12.467, publicados em maio de 2025, introduziram mudanças significativas no tributo, afetando operações de crédito, câmbio e previdência privada.

A medida, tomada de forma unilateral e sem diálogo prévio com o Legislativo ou com representantes do setor, surpreendeu o mercado e gerou insegurança. Para a professora Virgínia Pinheiro, mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica e docente da Universidade São Judas Tadeu, a falta de previsibilidade traz incertezas e desestimula o setor produtivo. Segundo ela, o impacto atinge desde os planejamentos operacionais das organizações até operações com cartão de crédito e débito em cooperativas de crédito.

“Uma operação de crédito mais cara desestimula a demanda por capital e, por consequência, também inibe investimentos privados, desestimula o consumo, impactando diretamente nessas operações", avalia Virgínia.

Impacto na Selic

Na avaliação de analistas da XP Investimentos, os efeitos da elevação do IOF equivalem a um aumento entre 25 e 50 pontos-base na taxa Selic.

A Selic — taxa básica de juros definida pelo Banco Central para controlar a inflação — influencia diretamente o custo dos empréstimos. Quando ela sobe, o crédito encarece, a tomada de recursos diminui e a pressão sobre os preços tende a cair. Na prática, o aumento do IOF produz um efeito semelhante, como explica a professora Virgínia.

“Observando o momento de desaceleração econômica, o IOF traz um impacto de um aumento indireto na taxa Selic. Ou seja, teria impacto relevante no custo das operações de crédito de empréstimo.”

Pequenos negócios mais afetados

A elevação do IOF deve impactar de forma mais intensa as empresas de menor porte, como os microempreendedores individuais (MEIs) e os optantes pelo Simples Nacional. A professora Virgínia destaca que a mudança interfere diretamente em toda a estrutura de crédito:

“Por exemplo, pequenas empresas de cooperativas de crédito agora terão taxação. Assim também como operações de cartão de crédito, de débito, no contexto internacional, também com alterações de aumento da taxa do IOF, portanto resulta-se em impactos significativos.”

Para empresas do Simples Nacional, a alíquota máxima — que inclui a taxa fixa e a adicional — ará de 0,88% para 1,95%, mais que o dobro do valor anterior. Já os MEIs terão um aumento mais moderado: foi fixada para eles uma alíquota menor, de 0,38%, além da menor taxa prevista dentro do regime simplificado.

Outro ponto relevante é a equiparação do risco sacado — modalidade de crédito usada por grandes varejistas com seus fornecedores — às operações regulares de crédito. Antes informal e isenta do tributo, esse tipo de antecipação de recebíveis agora será tributado com IOF, o que pode elevar os custos para pequenos fornecedores envolvidos na cadeia.

Reação do setor privado

O aumento do IOF gerou forte reação do setor privado, que critica a medida e pede sua revisão. O principal receio é o impacto no custo do crédito, que pode inibir investimentos, comprometer a atividade econômica e dificultar o o a financiamentos.

A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) também se posicionou contra a medida, afirmando que ela prejudica diretamente a sustentabilidade dos pequenos negócios. A entidade defende que, em vez de onerar ainda mais o crédito, o governo avance em reformas estruturais que reduzam o custo Brasil.

Diante da pressão, o Ministério da Fazenda itiu a possibilidade de revisão e agendou uma reunião com líderes do Congresso para o próximo domingo (8). Enquanto não há uma definição, as alíquotas seguem como foram anunciadas em 22 de maio. Com a medida, o governo espera arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026.

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30/05/2025 02:00h

Aumento do imposto é visto pelo presidente do Senado como uma usurpação às atribuições legislativas”; por outro lado, governo diz que não vai recuar

A decisão do governo federal de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por meio de decretos presidenciais, sem ar pelo Congresso, provocou forte reação no Legislativo e acirrou o clima entre os Poderes. A disputa já levou os parlamentares a protocolar mais de 20 projetos para tentar barrar os efeitos do decreto presidencial, indicando que o ime entre os Poderes deve se intensificar nos próximos dias.

Durante as votações no Plenário do Senado na quarta-feira (28), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, foi enfático ao criticar a postura unilateral do Executivo. Segundo ele, a medida desrespeita a separação de competências definida pela Constituição e representa uma tentativa de usurpação das atribuições do Parlamento. 

“Que esse exemplo do IOF, dado pelo governo federal, seja a última daquelas decisões tomadas pelo governo tentando de certo modo usurpar as atribuições legislativas do Poder Legislativo”, afirmou Alcolumbre, que também disse estar em articulação com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para avaliar a votação de um projeto de decreto legislativo que suste os efeitos do aumento.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, defendeu a necessidade do aumento e afirmou que, neste momento, não há alternativas viáveis para garantir a arrecadação exigida. 

“Nesse momento, não (há alternativa para o IOF). Nós recebemos da Febraban (Federação de Bancos) uma série de sugestões, estamos analisando e falei dos problemas constitucionais de você prever receita imediata”, justificou. 

Enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, também manifestou insatisfação com a condução do tema: “Foi uma decisão tomada sem qualquer tipo de diálogo com o Congresso Nacional”. 

Parlamentares alegam inconstitucionalidade

Parlamentares alegam que o aumento do IOF por meio de dois decretos presidenciais é inconstitucional porque o poder de criar ou aumentar tributos é, em regra, atribuição do Congresso Nacional, conforme estabelece a Constituição Federal. Ao editar decretos para elevar a alíquota do IOF, o Poder Executivo teria ultraado sua competência, interferindo em uma prerrogativa que é exclusiva do Legislativo.

Além disso, os críticos veem essa medida como um avanço do Executivo sobre o equilíbrio entre os Poderes, já que decisões com impacto direto sobre a arrecadação e a carga tributária deveriam ar pelo debate e aprovação no Parlamento. Para muitos congressistas, o uso de decretos nesse contexto fere o princípio da legalidade tributária, que exige lei formal aprovada pelo Legislativo para criação ou majoração de impostos.

Alta do IOF é vista como retrocesso por entidades comerciais e empresariais

Penalidade para quem ganha menos

Segundo eles, o aumento representa uma carga tributária adicional sobre setores essenciais da economia brasileira.

Os parlamentares afirmam também que a elevação do IOF sobre seguros penaliza diretamente a população de menor renda, encarecendo planos essenciais de saúde, vida e veículos. Por fim, consideram inissível que o governo federal, diante da crise econômica, recorra a medidas unilaterais para aumentar impostos, sem diálogo com o Congresso Nacional e sem avaliação dos impactos sobre a economia real.

Sobre o IOF

O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um tributo federal cobrado em operações como empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. Quando o governo aumenta a alíquota do IOF sobre seguros, por exemplo, o valor cobrado dos consumidores também sobe.

Esse aumento pode prejudicar especialmente as famílias de menor renda, pois encarece produtos essenciais, como planos de saúde, seguros de vida e de veículos — que já comprometem parte significativa do orçamento dessas pessoas. Com isso, o o a esses serviços pode se tornar mais difícil, deixando muitos desprotegidos.
 

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29/05/2025 20:35h

Para o presidente da CACB, Alfredo Cotait, medida é prejudicial ao setor produtivo e injusta com quem mais contribui para a economia



Responsáveis por mais de 70% dos empregos formais criados em abril, os setores de comércio e serviços devem sentir com mais intensidade os efeitos do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo governo federal. Com forte dependência de crédito, principalmente entre pequenas e médias empresas, essas áreas correm o risco de ver encarecer operações essenciais, como financiamentos de capital de giro e seguros de saúde e veículos. 

Em abril, juntos, comércio e serviços abriram 184 mil vagas, de um total de 257.528 postos formais, segundo dados do Caged. Para o presidente da CACB, Alfredo Cotait, a medida é prejudicial ao setor produtivo e injusta com quem mais contribui para a economia.

“Quem pagará essa conta do aumento do IOF? O empresário, principalmente o da pequena e média empresa, que mais depende de crédito, o trabalhador, o consumidor. Em outras palavras, o Brasil real”, afirma. 

André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica de São Paulo, analisa que o aumento do IOF pode sim afetar os setores de comércio e serviços. Para ele, mais do que o impacto financeiro direto sobre empresários e consumidores, o anúncio das mudanças foi mal recebido porque indica uma possível dificuldade do governo em fazer ajustes pelo lado da despesa.

“Apesar dos números positivos das contas públicas registrados ao longo dos últimos meses, esse IOF foi inoportuno não apenas em relação ao impacto financeiro que trará pras empresas e para os consumidores, mas sugere que o governo possa enfrentar dificuldades para cumprir as metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal, sobretudo a partir do ano de 2027”, afirma Galhardo.

Números positivos do mês de abril

O Brasil registrou a criação de 257.528 vagas formais de trabalho em abril, com destaque para os setores de Serviços e Comércio, que lideraram a geração de empregos. O setor de Serviços foi o principal responsável pelo crescimento, abrindo 136.109 vagas no mês, puxado especialmente pelas áreas de informação, comunicação, serviços financeiros, imobiliários, profissionais e istrativos que, sozinhas, responderam por mais de 52 mil postos. O Comércio também teve bom desempenho, com a criação de 48.040 vagas, representando um crescimento de 0,45%.

Juntos, os dois setores responderam por 71% do total de empregos formais criados em abril, somando 184 mil novas oportunidades. No acumulado do ano, de janeiro a abril, o resultado é ainda mais expressivo: Comércio e Serviços geraram 541 mil postos de trabalho com carteira assinada, o que reforça a importância dessas atividades na recuperação e no fortalecimento do mercado de trabalho brasileiro. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado na última quarta (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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28/05/2025 19:10h

Para Alfredo Cotait, presidente da CACB, a decisão é vista como um “ato de agressão” contra quem produz e sustenta a economia do país

A recente decisão do governo federal de elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) causou forte reação negativa entre entidades representativas do setor produtivo. Associações comerciais, economistas e lideranças empresariais veem a medida como um retrocesso, capaz de comprometer o ambiente de negócios e de afastar investimentos em um momento delicado da economia nacional.

A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) foi uma das primeiras a se posicionar com veemência. Para a entidade, a elevação do IOF — feita por decreto — representa uma penalização direta ao setor produtivo, sobretudo às micro, pequenas e médias empresas, que já enfrentam dificuldades de o ao crédito. “A medida gera insegurança jurídica e agrava o custo do capital. O governo desestimula investimentos e impacta negativamente o crescimento econômico”, afirmou a CACB em nota oficial.

O presidente da entidade, Alfredo Cotait Neto, foi ainda mais incisivo ao classificar a decisão como um “ato de agressão” contra quem produz e sustenta a economia do país. 
“Enquanto o mundo preza pela responsabilidade fiscal e liberdade econômica, o Brasil pune quem gera emprego. Não aceitaremos calados mais um capítulo dessa guerra contra o empreendedor”, declarou Cotait. Segundo ele, o aumento do IOF é uma tentativa desesperada de cobrir um buraco fiscal, ignorando a necessidade real de cortar gastos e tornar o Estado mais eficiente.

R$ 20 a mais na arrecadação cobrem o buraco? 

Cotait citou dados alarmantes: as despesas dos governos federal, estaduais e municipais ultraaram os R$ 2 trilhões, enquanto a arrecadação está em torno de R$ 1,5 trilhão. “O governo gasta demais e quer cobrar ainda mais de quem produz. Isso é insustentável”, disse o presidente da CACB. Ele defende que o Congresso Nacional barre a medida com urgência, para evitar o que classifica como o “afundamento do Brasil real” — composto por empresários, trabalhadores e consumidores.

Na análise do economista André Galhardo, da Análise Econômica de São Paulo, embora o impacto fiscal do aumento — estimado em R$ 20,5 bilhões — seja relevante, não é suficiente para cobrir o rombo do país. Segundo ele, o efeito mais imediato foi a mensagem negativa que o governo ou ao mercado. 

“O anúncio foi feito no mesmo dia em que foi divulgado um congelamento de R$ 31,4 bilhões em gastos, o que até poderia soar equilibrado. Mas a sinalização de que o governo precisaria recorrer ao aumento de impostos levantou dúvidas sobre a real capacidade de contenção de despesas no futuro”, avaliou Galhardo. Para ele, o aumento teve impacto sobre o câmbio e sobre a curva de juros futuros, mais pelo sinal político do que pelo efeito econômico direto.

Já Cotait, avalia a medida como “uma jogada de desespero para tentar cobrir um buraco fiscal sem encarar o verdadeiro problema: o tamanho do Estado e a gastança desenfreada.” E exemplifica a fala com dados da transparência. A plataforma Gasto Brasil mostra que enquanto as contas do governo federal, estadual e municipal ultraaram os R$ 2 trilhões, o recolhimento de impostos, mostrado no Impostômetro, apresenta uma arrecadação de R$1,5 trilhão.
 

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16/05/2025 00:30h

Disputa entre entidades municipalistas impede definição de representantes no Conselho Superior do IBS; estados avaliam recorrer à Justiça para garantir funcionamento da estrutura

Um ime entre entidades que representam os municípios brasileiros ameaça atrasar a implantação da reforma tributária. O Comitê Gestor do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previsto para ser instalado nesta sexta-feira (16) deve começar a operar sem os 27 representantes das prefeituras — o que pode comprometer decisões essenciais para a estruturação do novo sistema tributário.

A ausência de representantes municipais se deve à disputa entre a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que divergem sobre as regras de escolha dos membros do Conselho Superior do IBS. O processo foi judicializado e nenhuma das duas entidades indicou oficialmente seus representantes até o prazo legal de 16 de abril.

A demora na escolha tem uma razão, explica o advogado tributarista e sócio do Toledo Marchetti Advogado, Luis Claudio Yukio Vatari. Por envolver uma quantia muito grande de dinheiro público, a escolha desses representantes municipais, será objeto de uma importante disputa. 

“Como o comitê do IBS vai ser um dos órgãos mais importantes de todo esse novo sistema, ele vai mexer anualmente com trilhões de reais.  Então, imagino que a função desses indicados pelas associações e confederações de prefeitos, vai ter um papel mais importante do que muitos prefeitos daquelas cidades. O que faz desse, um cargo muito pleiteado por termos políticos e econômicos, dando a eles uma projeção muito grande — quase como ser um prefeito de uma grande capital ", avalia Yukio. 

Mesmo assim, os estados já indicaram seus 27 membros e defendem que, conforme a lei complementar nº 214/2025, o conselho será automaticamente instalado nesta sexta. Com isso, os secretários estaduais de Fazenda estudam recorrer ao Judiciário para garantir que possam eleger o presidente do comitê e formalizar a conta bancária que permitirá o ree inicial da União, de R$ 50 milhões, para financiar os trabalhos do órgão.

Importância do Comitê

A medida é considerada urgente, pois o comitê terá a missão de aprovar o regulamento do IBS e contratar a empresa responsável pela criação do novo sistema de arrecadação, previsto para entrar em operação a partir de 2026. Sem os recursos e a formalização do conselho, esses os podem atrasar significativamente o cronograma da reforma.

Segundo o diretor institucional do Comitê dos Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz), André Horta, já houve sinalização às entidades municipalistas sobre a intenção de buscar respaldo jurídico. "O prejuízo maior é atrasar os recursos e os sistemas. Para evitar isso, vamos conversar com o Judiciário", afirmou.

Para o advogado Yukio Vatari, o problema está em já “começar o longo processo da reforma com uma briga. E é muito cedo para ter isso, já que estamos apenas no começo da reforma”. 

“Mas como tudo no Brasil, já existe uma ideia intermediária de fazer o que eles estão chamando de “comitê provisório” com a nomeação dos estados para começarem a tratar das questões para depois juntar os representantes do municípios para entrar em questão mais municipais.”  

O que remete à Constituição de 88 — relembra o especialista — “quando as questões relativas ao ISS e ICMS foram deixadas “para depois” e tivemos uma legislação provisória. Sendo que a definitiva levou mais de décadas para ser imputada. Todo esse cenário levou ao que todos apelidaram de ‘manicômio tributário’.”
Para Yukio, parece que estamos seguindo no mesmo caminho que pode levar a uma nova insanidade legal e tributária.

Disputa entre entidades

A disputa entre CNM e FNP gira em torno da forma de eleição dos representantes. A CNM, que representa a maioria dos prefeitos, diz ter maioria suficiente para vencer as duas etapas da escolha. A FNP, que reúne os grandes municípios, quer uma única eleição com divisão garantida: 14 vagas para a CNM e 13 para a FNP — proposta que depende de mudança legal ainda em tramitação no Congresso.

Enquanto isso, a operação do “pré-comitê” tem sido feita sem orçamento, o que preocupa os estados. A lei prevê um empréstimo de até R$ 600 milhões da União ao Comitê Gestor em 2025. Como os depósitos mensais só começarão após a formalização do conselho, o atraso já representa uma perda estimada de R$ 250 milhões.

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03/05/2025 00:30h

O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) será um tributo de gestão compartilhada entre União, estados e municípios

Com a chegada do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) prevista para o próximo ano, os municípios precisam começar a se organizar para não perder participação na arrecadação dos novos tributos. A orientação é do Conselho Técnico das istrações Tributárias (CTAT), que divulgou a Nota Técnica nº 4/2025 com recomendações práticas às prefeituras.

O documento foi elaborado com o apoio da Confederação Nacional de Municípios (CNM) e traz diretrizes para que as gestões municipais melhorem a forma como acompanham e fiscalizam os tributos locais, garantindo uma participação mais justa na divisão do IBS, especialmente durante o período de transição.

Criado pela Reforma Tributária (EC 132/23), o IBS será um imposto de gestão compartilhada entre União, estados e municípios. Ele começa a ser testado em 2026, com uma alíquota simbólica de 0,1%, e só em 2033 deve substituir por completo os atuais ICMS (estadual) e ISS (municipal).

Durante o período de transição, entre 2029 e 2077, a arrecadação será dividida parcialmente entre o local onde o serviço ou produto foi consumido e o "coeficiente de participação" de cada governo local — um cálculo que levará em conta a eficiência e estrutura da istração tributária de cada ente federativo.

Distribuição e fiscalização: o que os municípios precisam saber

Segundo a Nota Técnica, a distribuição da arrecadação do novo imposto será organizada por um Comitê Gestor do IBS (CG-IBS). Caberá a esse grupo definir como os valores serão reados aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, incluindo prazos, fórmulas de cálculo e os chamados coeficientes de participação.

A CNM alerta que é essencial que os municípios mantenham cadastros atualizados, ampliem a fiscalização de tributos locais e acompanhem de perto seus contribuintes. Também é recomendado o uso eficiente da Nota Fiscal de Serviço Eletrônica e que as prefeituras organizem bem seus processos de cobrança istrativa e judicial de dívidas tributárias.

Participação plena, só em 2078

De acordo com o documento técnico, apenas a partir de 2078 a arrecadação do IBS será totalmente destinada ao município ou estado onde o bem ou serviço foi efetivamente consumido.

Por isso, o CTAT reforça que, quanto mais cedo os municípios se prepararem, melhor será sua fatia na arrecadação futura. A nota traz orientações claras para que os gestores possam tomar medidas práticas agora, garantindo ganhos a longo prazo.

A Nota Técnica 4/2025 está disponível no portal da CNM com todos os detalhes e explicações.
 

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30/04/2025 00:18h

Município que não cumprir prazo terá renúncia do convênio dos municípios optantes e pode perder 50% da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)

Os municípios brasileiros têm um prazo importante terminando hoje: até esta quarta-feira, 30 de abril, é preciso enviar à Receita Federal as informações sobre o Valor da Terra Nua (VTN). O alerta é da Confederação Nacional de Municípios (CNM), que reforça a importância da medida para garantir parte da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).

O VTN representa o valor de mercado de um imóvel rural considerando apenas o solo e sua cobertura natural, como matas, florestas e pastagens nativas. Elementos como construções, plantações e benfeitorias não entram nesse cálculo. A exigência está prevista na Instrução Normativa 1.877/2019, da Receita Federal do Brasil.

Sanções para quem deixa de enviar 

Deixar de enviar os dados dentro do prazo pode trazer prejuízo direto para os cofres municipais. Isso porque o descumprimento resulta na perda de 50% da arrecadação do ITR, além do cancelamento automático do convênio com a Receita Federal — o que limita a autonomia das prefeituras na fiscalização e arrecadação do imposto.

O envio das informações deve ser feito exclusivamente pelo portal e-CAC, ível no site da Receita Federal, utilizando o certificado digital do município.

Em caso de dúvidas ou necessidade de orientações, os gestores municipais podem entrar em contato com a equipe de Finanças da CNM pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (61) 2101-6666.

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25/04/2025 05:00h

“É fundamental a sociedade acompanhar os investimentos feitos pelo governo, para a gente ter certeza de que a arrecadação está sendo aplicada da forma adequada”, avalia Mauro Sammarco, presidente da Associação Comercial de Santos

Foi lançada nesta semana a plataforma Gasto Brasil, uma nova ferramenta que detalha os gastos do governo em cada localidade do país — seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Com base em dados do Tesouro Nacional, a ferramenta permite que qualquer cidadão acompanhe quanto foi desembolsado em despesas com pessoal, previdência e investimentos públicos.  

O lançamento da plataforma, que pode ser ada pela internet ou visualizada num de LED no centro de São Paulo, ao lado do Impostômetro, foi acompanhado por representantes de associações comerciais de todo o país. Mauro Sammarco, presidente da Associação Comercial de Santos, uma das mais antigas do Brasil, considera a iniciativa essencial para esclarecer à população como são calculados os gastos públicos.  

“É fundamental a sociedade acompanhar os investimentos feitos pelo governo, para a gente ter certeza de que a arrecadação está sendo aplicada de forma adequada, que a gente não está tendo desperdício e que os projetos importantes estão sendo, de fato, levados adiante. Então, se não tiver essa participação colaborativa entre a sociedade organizada, por meio de suas associações, e o governo, infelizmente a gente não tem política de Estado”, declarou.

A Associação Comercial de Santos (ACS) existe desde 1870 e representa 244 empresas, divididas em 20 câmaras setoriais que abrangem desde armazéns e terminais de contêineres até cooperativas de café. A entidade exerce papel estratégico no desenvolvimento da região portuária de Santos  —  o maior porto da América Latina  — e se destaca na articulação de temas relacionados ao comércio exterior, logística e infraestrutura.

Gasto Brasil

A ferramenta Gasto Brasil foi desenvolvida em parceria entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com o objetivo de dar mais transparência à aplicação dos recursos públicos e incentivar a conscientização da sociedade sobre o impacto desses valores no cotidiano dos brasileiros. 

Por meio do cruzamento de dados oficiais, empresários e a população em geral podem ar o total de gastos por localidade. Segundo o presidente da CACB, Alfredo Cotait, a inovação contribui para que a população compreenda melhor a situação econômica do país e tenha conhecimento para cobrar ações das autoridades. 

“Há um desequilíbrio. Se gastássemos apenas o que arrecadamos, não teríamos inflação e a taxa de juros seria 2,33%. Assim como o Impostômetro foi um processo educativo, o Gasto Brasil também será mais um processo educativo para mostrar à sociedade que ela precisa participar e se manifestar. Nós estamos deixando uma conta muito cara para o futuro”, declarou Cotait.   

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22/04/2025 00:03h

Projeto de lei aprovado por comissão da Câmara dos Deputados beneficia biomas como o Pantanal — a maior superfície alagada do mundo

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3678/21, que propõe a exclusão de áreas sujeitas a inundações periódicas da base de cálculo do Imposto Territorial Rural (ITR). A medida visa beneficiar regiões onde a exploração econômica se torna inviável, mesmo que temporariamente, devido às cheias.

Para o autor da proposta, deputado Pinheirinho (PP-MG), a cobrança do imposto nessas condições é incoerente. Ele destaca que o Pantanal — considerado a maior área alagada do planeta — será uma das regiões diretamente favorecidas. O bioma, que representa cerca de 1,76% do território nacional, está localizado principalmente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se também ao Paraguai e à Bolívia. Seu ciclo de cheias ocorre entre os meses de outubro e maio, coincidindo com o período de chuvas.

Lei do ITR

A proposta altera dispositivos da atual Lei do ITR. De acordo com o texto aprovado, caberá ao Ministério da Agricultura e Pecuária certificar, mediante regulamentação futura, as áreas que se enquadram nos critérios para isenção, desde que solicitado pelo proprietário do imóvel.

O relator do PL, deputado Pezenti (MDB-SC), apresentou parecer favorável. Segundo ele, a proposta corrige uma distorção na legislação tributária vigente. “A legislação já exclui do ITR áreas que não podem ser economicamente aproveitadas. O projeto apenas reforça esse princípio”, afirmou.

A tramitação do projeto é conclusiva e ainda seguirá para análise nas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para que entre em vigor, a medida precisa ser aprovada também pelo plenário da Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
 

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