
LOC: Os acidentes causados em Maceió na extração do minério sal-gema pela empresa Braskem chegaram ao ápice nesta semana, com o rompimento de um trecho da Lagoa Mundaú, localizada na capital de Alagoas. No último domingo (10), o solo começou a afundar mais rápido do que já estava acontecendo e a água da lagoa tomou conta da área, fazendo sumir o equipamento usado pela Defesa Civil Municipal para monitorar o afundamento do chão. De acordo com o advogado Alessandro Azzoni, mestre em Direito pela Universidade Nove de Julho, o Ministério Público Federal deve cobrar explicações da Prefeitura, do Estado e da própria União, além de responsabilizar criminalmente a empresa Braskem e os seus diretores.
A Defesa Civil de Maceió informou que vai retomar "em breve" o monitoramento do solo na região atingida.
As minas exploradas pela Braskem em Maceió são abertas a mais de mil metros abaixo do nível do solo, desde a década de 1970, para a extração de sal-gema, um mineral muito usado na indústria química. As minas começaram a ser fechadas em 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil confirmou que a atividade provocou o afundamento do chão em diversos pontos da cidade — o que obrigou a interdição de vários bairros. De acordo com o Ministério Público Estadual, 14 mil imóveis foram atingidos.
Para Alessandro Azzoni, que antes do rompimento próximo à Lagoa já havia alertado que o pagamento de indenizações por parte da Braskem não exclui a responsabilidade individual dos diretores da empresa, entende que o Ministério Público Federal deve voltar a cobrar explicações dos órgãos responsáveis.
" A questão da responsabilização eu acho que vai um pouco mais acima. O Ministério Público Federal ou o Ministério Público Estadual deve entrar e cobrar posicionamento da Prefeitura, do Estado e da própria União, tanto em questão de meio ambiente como a questão da União, no próprio Ministério de Minas e Energia, para deixar chegar no nível que chegou... Além de toda a responsabilização dos funcionários da Braskem."
LOC: Representantes do Ministério Público Federal se reuniram nesta semana com técnicos da Defesa Civil Nacional, da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Serviço Geológico do Brasil e da Braskem para discutir a situação do monitoramento da área atingida pelo afundamento do solo em Maceió e sobre a revisão dos planos de fechamento das minas pela ANM, depois do colapso acontecido na Lagoa Mundaú. Ao mesmo tempo, o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas intimou a empresa a apresentar, com urgência, uma série de medidas para diagnosticar os impactos, atuais e futuros, provocados pelo rompimento da mina. O problema chegou ao Senado Federal, que pode instalar uma I (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.
Em nota, a Braskem nega irregularidades e garante que tem colaborado com as autoridades, desde o início das investigações, sobre o afundamento do solo causado pela exploração de sal-gema na região.
Reportagem: José Roberto Azambuja